sábado, 11 de maio de 2013

Doença de Graves


A doença de Graves, também conhecida por bócio difuso ou doença de Basedow-Graves, é uma doença auto-imune, o que significa que o sistema imunitário ataca as próprias células do organismo em vez de as proteger dos invasores estranhos, que leva a uma anomalia no funcionamento da tiroide, órgão importante do sistema endócrino que produz as hormonas tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), que controlam o metabolismo do corpo. Esta doença caracteriza-se pela presença de hipertireoidismo, ou seja, a produção de hormonas da tiroide em excesso, bócio (aumento do volume da tiróide, causado pela falta do sal mineral), oftalmopatia e, em certas ocasiões, dermopatia infiltrativa ou mixedema pré-tibial.

Aproximadamente 60 a 80% dos casos de hipertireoidismo são resultantes da doença de Graves. Existe uma predisposição familiar, já que 15% dos portadores apresentam casos dessa doença na família, e 50% dos familiares possuem auto-anticorpos contra a tiroide. Pode aparecer em qualquer idade, porém costuma surgir dos 20 aos 40 anos de vida. A prevalência é semelhante entre indivíduos caucasianos e asiáticos, e menor em indivíduos negros.
A doença de Graves é a causa mais comum de hipertireoidismo. É causada por uma resposta anormal do sistema imunológico que leva a tireoide a produzir hormonas em excesso. A doença de Graves é mais comum em mulheres acima dos 20 anos. No entanto, a doença pode se manifestar em qualquer idade e atingir homens também.
Na doença de Graves, o sistema imunitário produz substâncias químicas, denominadas imunoglobulinas, que estimulam a tiroide a produzir quantidades excessivas de hormonas. Nesta doença os anticorpos irão ligar-se aos receptores de membrana do receptor de tiroitropina (TSH), deste modo há a ativação ininterrupta de secreção das hormonas tiroidianas, pois os anticorpos desempenham o papel da hormona estimulante TSH. Os anticorpos responsáveis pelo hipertiroidismo normalmente são produzidos devido à auto-imunidade contra a tiroide.


As manifestações clínicas estão divididas entre as comuns a qualquer forma de hipertiroidismo e nas que são específicas para a doença de Graves. Em relação ao hipertiroidismo são encontrados calor excessivo, aumento do ritmo intestinal, suor excessivo, nervosismo, perda de peso, taquicardia, inchaço dos dedos, pele húmida e dores musculares. De entre os sintomas que não estão relacionados com o excesso de hormona tiroidiana circulante estão:

•          Oftalmopatias: exoftalmia (olhos saltados), retração palpebral, olhos avermelhados, inchado ao redor dos olhos, sensação de olhos secos ou de pressão nos olhos e, em raras ocasiões, perda de visão e problemas na córnea;


•          Dermopatias: normalmente ocorre a nível pré-tibial ou dorso do pé, mas pode ocorrer em outras regiões. Normalmente as lesões são assintomáticas, todavia, podem ser pruriginosas e dolorosas.

No paciente que apresenta hipertireoidismo e bócio difuso, apenas os sinais de oftalmopatia e dermopatia são suficientes para a confirmação do diagnóstico. Exames laboratoriais também são utilizados no diagnóstico, pois evidenciam o aumento dos níveis de T4 e TSH na corrente sanguínea, bem como anticorpos contra a tiroide.

O tratamento irá variar de acordo com a fase da doença. Existem fármacos que auxiliam no controle sintomático do hipertiroidismo causado por essa doença, por meio do uso de ß-bloqueadores e na redução da síntese de hormonas tireoidianas por meio da administração de tionamidas, iodo radioativo ou cirurgia. Existem fármacos que também são utilizados nos casos de oftalmopatias, bem como cirurgias nos casos de estrabismo ou quando os músculos oculares se encontram muito inchados; pode também ser realizada uma cirurgia plástica para corrigir a exoftalmia.

Exames

O exame físico mostra uma frequência cardíaca acelerada. Um exame do pescoço pode revelar um aumento da glândula tireoide (bócio).

Outros exames incluem:
•          Exames de sangue para medir os níveis de TSH, T3 e T4 livre
•          Ingestão de iodo radioativo

Essa doença também pode afetar os resultados dos seguintes exames:
•          TC de órbitas ou ultrassonografia
•          Imunoglobulina estimulante da tireoide (TSI)
•          Anticorpos antiperoxidase tireoidiana (TPO)
•          Anticorpos antirreceptores de TSH

Sintomas de Doença de Graves
•          Ansiedade
•          Aumento da mama nos homens (possível)
•          Dificuldade de concentração
•          Visão dupla
•          Olhos saltados (exoftalmia)
•          Irritação ocular e lacrimação
•          Fadiga
•          Evacuações frequentes
•          Bócio (possível)
•          Intolerância ao calor
•          Aumento do apetite
•          Sudorese
•          Insônia
•          Alteração na menstruação nas mulheres
•          Fraqueza muscular
•          Nervosismo
•          Frequência cardíaca rápida ou acelerada (palpitações ou arritmia)
•          Inquietação e dificuldade para dormir
•          Falta de ar com o esforço
•          Tremores
•          Perda de peso (raramente, ganho de peso)


Causa

Os médicos não sabem ainda o que causa a doença de Graves, mas o facto de ter tendência a afectar várias pessoas da mesma família indica que esta pode ter uma componente genética (hereditária). É possível que a produção anormal de imunoglobulinas seja desencadeada por um factor desconhecido no meio ambiente e que o sistema imunitário não consiga interromper esta produção excessiva devido a um defeito hereditário.


Tratamento


O objetivo do tratamento é controlar a hiperatividade da glândula tiroide. Betabloqueadores, como propranolol, são geralmente usados para tratar sintomas como frequência cardíaca acelerada, sudorese e ansiedade até que o hipertireoidismo seja controlado. O hipertireoidismo é tratado com um ou mais dos seguintes medicamentos:

•          Medicamentos antitireoidianos
•          Iodo radioativo
•          Cirurgia

Caso a tiroide seja removida com cirurgia ou destruída por radiação, será preciso repor as hormonas com comprimidos pelo resto da vida.
Alguns dos problemas oculares relacionados à doença de Graves melhoram quando o hipertiroidismo é tratado com medicamentos, radiação ou cirurgia. O iodo radioativo pode, às vezes, piorar os problemas oculares. Os problemas oculares são piores em pessoas que fumam, mesmo após a cura do hipertiroidismo.
Às vezes, é preciso prednisona (um medicamento esteroide que inibe o sistema imunológico) para reduzir a irritação e o inchaço ocular.
Nas mulheres, os períodos menstruais podem tornar-se menos frequentes ou até desaparecer. Nas pessoas idosas, particularmente nas pessoas com doença cardíaca, a doença pode causar insuficiência cardíaca ou uma dor no peito relacionada com o coração, denominada angina.
Pode ser necessário tapar os olhos à noite para que não sequem. Óculos escuros e colírios podem ser necessários para reduzir a irritação. Raramente, cirurgia ou radioterapia (diferente de iodo radioativo) podem ser necessárias para que os olhos voltem à posição normal.

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