A
doença de Graves, também conhecida por bócio difuso ou doença de
Basedow-Graves, é uma doença auto-imune, o que significa que o sistema
imunitário ataca as próprias células do organismo em vez de as proteger dos
invasores estranhos, que leva a uma anomalia no funcionamento da tiroide, órgão
importante do sistema endócrino que produz as hormonas tiroxina (T4) e
triiodotironina (T3), que controlam o metabolismo do corpo. Esta doença
caracteriza-se pela presença de hipertireoidismo, ou seja, a produção de hormonas
da tiroide em excesso, bócio (aumento do volume da tiróide, causado pela falta
do sal mineral), oftalmopatia e, em certas ocasiões, dermopatia infiltrativa ou
mixedema pré-tibial.
Aproximadamente
60 a 80% dos casos de hipertireoidismo são resultantes da doença de Graves.
Existe uma predisposição familiar, já que 15% dos portadores apresentam casos
dessa doença na família, e 50% dos familiares possuem auto-anticorpos contra a
tiroide. Pode aparecer em qualquer idade, porém costuma surgir dos 20 aos 40
anos de vida. A prevalência é semelhante entre indivíduos caucasianos e
asiáticos, e menor em indivíduos negros.
A
doença de Graves é a causa mais comum de hipertireoidismo. É causada por uma
resposta anormal do sistema imunológico que leva a tireoide a produzir hormonas
em excesso. A doença de Graves é mais comum em mulheres acima dos 20 anos. No
entanto, a doença pode se manifestar em qualquer idade e atingir homens também.
Na
doença de Graves, o sistema imunitário produz substâncias químicas, denominadas
imunoglobulinas, que estimulam a tiroide a produzir quantidades excessivas de
hormonas. Nesta doença os anticorpos irão ligar-se aos receptores de membrana
do receptor de tiroitropina (TSH), deste modo há a ativação ininterrupta de
secreção das hormonas tiroidianas, pois os anticorpos desempenham o papel da
hormona estimulante TSH. Os anticorpos responsáveis pelo hipertiroidismo
normalmente são produzidos devido à auto-imunidade contra a tiroide.
As
manifestações clínicas estão divididas entre as comuns a qualquer forma de
hipertiroidismo e nas que são específicas para a doença de Graves. Em relação
ao hipertiroidismo são encontrados calor excessivo, aumento do ritmo
intestinal, suor excessivo, nervosismo, perda de peso, taquicardia, inchaço dos
dedos, pele húmida e dores musculares. De entre os sintomas que não estão
relacionados com o excesso de hormona tiroidiana circulante estão:
• Oftalmopatias: exoftalmia (olhos
saltados), retração palpebral, olhos avermelhados, inchado ao redor dos olhos,
sensação de olhos secos ou de pressão nos olhos e, em raras ocasiões, perda de
visão e problemas na córnea;
• Dermopatias: normalmente ocorre a
nível pré-tibial ou dorso do pé, mas pode ocorrer em outras regiões.
Normalmente as lesões são assintomáticas, todavia, podem ser pruriginosas e
dolorosas.
No paciente que apresenta hipertireoidismo e bócio difuso, apenas os sinais de oftalmopatia e dermopatia são suficientes para a confirmação do diagnóstico. Exames laboratoriais também são utilizados no diagnóstico, pois evidenciam o aumento dos níveis de T4 e TSH na corrente sanguínea, bem como anticorpos contra a tiroide.
No paciente que apresenta hipertireoidismo e bócio difuso, apenas os sinais de oftalmopatia e dermopatia são suficientes para a confirmação do diagnóstico. Exames laboratoriais também são utilizados no diagnóstico, pois evidenciam o aumento dos níveis de T4 e TSH na corrente sanguínea, bem como anticorpos contra a tiroide.
O
tratamento irá variar de acordo com a fase da doença. Existem fármacos que
auxiliam no controle sintomático do hipertiroidismo causado por essa doença,
por meio do uso de ß-bloqueadores e na redução da síntese de hormonas
tireoidianas por meio da administração de tionamidas, iodo radioativo ou
cirurgia. Existem fármacos que também são utilizados nos casos de
oftalmopatias, bem como cirurgias nos casos de estrabismo ou quando os músculos
oculares se encontram muito inchados; pode também ser realizada uma cirurgia
plástica para corrigir a exoftalmia.
Exames
O
exame físico mostra uma frequência cardíaca acelerada. Um exame do pescoço pode
revelar um aumento da glândula tireoide (bócio).
Outros exames incluem:
• Exames de sangue para medir os níveis
de TSH, T3 e T4 livre
• Ingestão de iodo radioativo
Essa doença também pode afetar os
resultados dos seguintes exames:
• TC de órbitas ou ultrassonografia
• Imunoglobulina estimulante da tireoide
(TSI)
• Anticorpos antiperoxidase tireoidiana
(TPO)
• Anticorpos antirreceptores de TSH
Sintomas de Doença de Graves
• Ansiedade
• Aumento da mama nos homens (possível)
• Dificuldade de concentração
• Visão dupla
• Olhos saltados (exoftalmia)
• Irritação ocular e lacrimação
• Fadiga
• Evacuações frequentes
• Bócio (possível)
• Intolerância ao calor
• Aumento do apetite
• Sudorese
• Insônia
• Alteração na menstruação nas mulheres
• Fraqueza muscular
• Nervosismo
• Frequência cardíaca rápida ou
acelerada (palpitações ou arritmia)
• Inquietação e dificuldade para dormir
• Falta de ar com o esforço
• Tremores
• Perda de peso (raramente, ganho de
peso)
Causa
Os
médicos não sabem ainda o que causa a doença de Graves, mas o facto de ter
tendência a afectar várias pessoas da mesma família indica que esta pode ter
uma componente genética (hereditária). É possível que a produção anormal de
imunoglobulinas seja desencadeada por um factor desconhecido no meio ambiente e
que o sistema imunitário não consiga interromper esta produção excessiva devido
a um defeito hereditário.
Tratamento
O
objetivo do tratamento é controlar a hiperatividade da glândula tiroide.
Betabloqueadores, como propranolol, são geralmente usados para tratar sintomas
como frequência cardíaca acelerada, sudorese e ansiedade até que o
hipertireoidismo seja controlado. O hipertireoidismo é tratado com um ou mais
dos seguintes medicamentos:
• Medicamentos antitireoidianos
• Iodo radioativo
• Cirurgia
Caso
a tiroide seja removida com cirurgia ou destruída por radiação, será preciso
repor as hormonas com comprimidos pelo resto da vida.
Alguns
dos problemas oculares relacionados à doença de Graves melhoram quando o
hipertiroidismo é tratado com medicamentos, radiação ou cirurgia. O iodo
radioativo pode, às vezes, piorar os problemas oculares. Os problemas oculares
são piores em pessoas que fumam, mesmo após a cura do hipertiroidismo.
Às
vezes, é preciso prednisona (um medicamento esteroide que inibe o sistema
imunológico) para reduzir a irritação e o inchaço ocular.
Nas
mulheres, os períodos menstruais podem tornar-se menos frequentes ou até
desaparecer. Nas pessoas idosas, particularmente nas pessoas com doença
cardíaca, a doença pode causar insuficiência cardíaca ou uma dor no peito
relacionada com o coração, denominada angina.
Pode
ser necessário tapar os olhos à noite para que não sequem. Óculos escuros e
colírios podem ser necessários para reduzir a irritação. Raramente, cirurgia ou
radioterapia (diferente de iodo radioativo) podem ser necessárias para que os
olhos voltem à posição normal.
Sem comentários:
Enviar um comentário